Eu pareço ter amado você em inúmeras formas, inúmeras vezes, em vida após vida, idade após idade, sempre. Meu coração enfeitiçado fez e refez o colar de canções que você aceita como presente, usa à volta do pescoço em suas muitas formas, em vida após vida, idade após idade, sempre. Quando eu escuto crônicas antigas de amor, é sofrimento amadurecido, é o conto ancestral de se estar junto ou separado. Assim que eu encaro mais e mais fundo o passado, no final você emerge envolto na luz de uma estrela cadente cortando a escuridão do tempo: você se torna uma imagem do que é lembrado para sempre. Eu e você temos flutuado aqui no córrego que flui da fonte, no coração do tempo do amor de um pelo outro. Nós temos brincado ao lado de milhões de amantes, partilhado a mesma doce timidez do encontro, as mesmas dolorosas lágrimas de despedida – Amor antigo, mas em formas que se renovam e renovam, sempre. Hoje ele está guardado a seus pés, ele achou o seu fim em você; o amor de todos os dias dos homens, tanto passados quanto eternos: alegria universal, tristeza universal, vida universal. As memórias de todos os amores mesclando-se com esse nosso amor único – E as canções de cada poeta, tanto passados quanto eternos. ~ Rabindranath Tagore
Arte: Love is in the air por Josephine Wall
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