
CORUJA
Nome Gaélico: Cailleach-oidhche
Palavras-chave: DESAPEGO, SABEDORIA, MUDANÇA
Dom, Qualidade ou Habilidade da Coruja
Iniciação;
Sensibilidade ao Outro Mundo;
Elemento Ar.
A Cailleach-oidhche nos ensina a sabedoria de transformar uma desvantagem numa vantagem. Para a maioria dos pássaros, a chegada da noite faz com que fiquem impossibilitados de se alimentar, mas a audição excepcional da coruja lhe permite escolher e precipitar-se sobre as presas despreocupadas durante a noite. O crepúsculo tem sido descrito como “a luz da coruja”, e caminhar sobre o crepúsculo é uma forma fantástica de desenvolver uma sensibilidade para o Outro Mundo e para a alma interior da Natureza. Pode ser que nos sintamos inclinados a fazer algum estudo do saber esotérico ou da clarividência. Trabalhar com uma coruja como nosso aliado pode nos ajudar neste nível.
A coruja anuncia um tempo de mudanças, de iniciação e novos começos. Ela pode significar a morte de alguma coisa, mas também o nascimento de outra. Um antigo ditado de Sussex, diz: "Quando a coruja pia à noite, espere um bom dia". Esperemos por uma alvorada brilhante, pois ela seguramente virá.
O PÁSSARO DA SABEDORIA
A coruja é considerada um dos cinco animais totêmicos centrais da tradição druídica. Estes cinco animais são os mais antigos e seguem a seguinte ordem: salmão; águia; coruja; veado e o melro. Quando finalmente chegamos ao Salmão (no lago sagrado), ele sendo um peixe, transmite sua sabedoria nadando pelo Rio da Vida, no Oceano do Ser – a sua sabedoria vem de uma íntima participação na vida. A coruja transmite uma sabedoria diferente - a sabedoria da objetividade e do desapego. Tal como a figura do O Eremita no Tarot, a coruja observa e espera - nos castelos em ruínas, nas torres de igrejas, nos celeiros, nos arbustos de heras. Perita em desaparecer da vista e conhecida por preferir a noite, a coruja é o animal que simboliza a sabedoria e os segredos esotéricos.
A coruja é sagrada à Deusa, no seu aspecto anciã, um dos seus muitos nomes em gaélico é Cailleach-oidhche (Anciã da noite). A coruja das torres é Cailleach-oildhche gheal: "a velha mulher branca da noite".
Cailleach é a deusa da morte e o piar da coruja foi muitas vezes encarado com um prenúncio da morte de alguém. Ela era vista como um pássaro que chama pela alma, ou que a apanha e a leva para longe. É de Berna, na Suíça, que vem a crença de que o pio da coruja prenuncia ou o nascimento de uma criança ou a morte de um homem – indicando que a Coruja é uma ave da Deusa que simultaneamente tira e dá a vida.
Saber da iminência da morte ou do nascimento sugere que a coruja é capaz de prever o futuro e, de fato, ela é o pássaro totêmico da clarividência e da viagem astral. Os véus que circunscrevem as fronteiras normais do espaço e do tempo podem ser rompidos se nós tivermos a coruja como nosso aliado.
Nos tempos mais recentes, na tentativa de converter as pessoas e afastá-las das suas crenças tradicionais, tudo o que era sagrado à Deusa e à “Fé Secreta” era denegrido e catalogado como diabólico pela igreja. Vemos claramente este processo difamatório no folclore da coruja. Sendo originalmente um pássaro sagrado que encarnava a sabedoria e o discernimento, e que foi gradualmente sendo visto apenas como um animal que trazia maus augúrios.
A coruja é uma ave à parte. Ela permanece na fronteira para o Outro Mundo, lembrando-nos que a morte é uma realidade sempre presente. Mas a morte é a Grande Iniciadora e, tal como a coruja nos pia das árvores, podemos vir a compreender, no fundo dos nossos seres, que, na realidade, nossa morte marca um início e não fim.
Fonte: O Oráculo Animal dos Druidas – Trabalhando com os Animais Sagrados da Tradição Druídica. Philip e Stephanie Carr-Gomm.
Ilustração da carta por Bill Worthington.
* Gaélico: Grupo de línguas célticas faladas na Irlanda e no Reino Unido.
Relativo ou próprio dos celtas irlandeses e dos bretões (via dicionário: Priberam).
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