Este é um texto aos empatas e sensitivos, às pessoas que assim como eu sentem em demasia, sentem pela própria dor, sentem pela dor dos indivíduos e da coletividade. O segredo que evita o sofrimento está em não se identificar com as memórias inerentes à sua história ou com a dor vivenciada pelos semelhantes – simples aqui por palavras objetivas, todavia, um grande desafio na prática da vida diária. Igualmente é um texto a quem não sente nada ou mesmo evita olhar ao seu redor, aqueles que só observam, se omitem e cuidam de seus próprios interesses.
Esse sentir pelos outros é reflexo do que vai dentro. É tudo sobre nós. Está tudo dentro de nós. Leve a sua mala, não tente carregar a cruz alheia nas costas. As dores do outro pertencem ao outro e ao seu rol de aprendizados. A necessidade compulsiva em se doar reflete o vazio interior e as carências e dores da nossa criança ferida, criança interna que não está devidamente nutrida. O externo é reflexo do interno. Ao invés de tentar salvar o mundo, salve o seu. Se sentir em seu coração, peça essa cura em suas meditações e momentos de oração. A ponta oposta deste aspecto é quando não sentimos nada e mantemos indiferença, só não sentimos nada quando estamos anestesiados (e existem inúmeras formas insalubres para nos anestesiar). Quem está se anestesiando está tentando fugir de si mesmo e do que precisa ser olhado, sentido, transmutado, curado e integrado aos registros akáshicos.
Quando queremos muito uma pessoa buscamos nela algum conteúdo que diz sobre nós mesmos - o ponto de magnetismo serve como projeção sobre partes de nossa história atual e ancestral que ainda sangram e estão na sombra (ainda inconscientes a nós), do mesmo modo este ponto de atração ou desejo serve como espelho da nossa porção de luz que ainda não acessamos. Em nosso lado sombra habitam as causas dos desequilíbrios e doenças físicas ou da alma, conjuntamente estão presentes os gérmens de virtudes e habilidades que nos é possível desenvolver, permitindo seu florescer à luz do Ser. O julgamento positivo ou negativo sobre alguém ou alguma coisa diz sobre o que gostaríamos ter ou ser e que ainda não conseguimos.
Não precisamos salvar quem cruza nossa estrada, apesar disso não é saudável fingir que não enxergamos o outro sofrer. As dores precisam ser exorcizadas de maneiras positivas, o não-dito fere e nos destrói por dentro, se torna essencial falar o que está incomodando e ferindo. Podemos auxiliar, desde que isto não nos prejudique, respeitando nossos limites internos e que o outro queira ser ajudado. Nada de ser egoísta ou generoso e sim justo. Equilíbrio é a chave. Quando mais fortalecidos interiormente modificamos o lado de fora por ressonância, inverso ao Fazer o Ser, por isso a importância do autoconhecimento e do fortalecimento à nível espiritual. Assim, agimos de forma assertiva no auxílio a quem amamos.
Devemos ajudar aos demais, isto faz parte do exercício de desenvolvimento do sentimento de compaixão e amor pelo próximo, incluindo nossos amigos e familiares. Contudo, neste instante planetário é tempo para vibrarmos positivamente pelo planeta em que vivemos, o que pode se tornar um hábito. Somos todos UM, conectados através dos campos morfogenéticos, quer queiramos ou não.
Você já aprendeu a estabelecer limites firmes e amorosos?
Você sabe dizer “não” com respeito e amor?
Consegue dizer “não” sem se sentir culpado?
Quantos “sins” dizemos querendo lá no fundo dizer não?
Quantos “sins” dizemos por carência afetiva? Pela necessidade em pertencer? Pelo medo em sermos julgados, criticados ou excluídos? Pelo medo em ficarmos solitários?
Qual o motivo para sermos super-heróis, nos matando aos poucos na tentativa de provar que somos valorosos? Somos seres divinos, frutos da sabedoria universal. Todos temos luz e sombras. Nesta sangria desatada de ‘crianças feridas e carentes’ querendo ser vistas, amadas e apreciadas, na busca em reter para não perder nada nem ninguém, entramos em competição - energia com seus efeitos e desdobramentos nefastos. Ninguém é melhor que ninguém, somos preciosos e apesar de parecidos em muitas nuances, somos singulares. Cada um está em um ponto do caminho, assimilando as lições as quais já está pronto. O que nos diferencia são as lições de alma que cada um já aprendeu e se estamos ou não colocando nossas virtudes a serviço da vida. Hora de iluminar nosso lado sombra, colocar nossa sombra a serviço da luz e da evolução da consciência individual e planetária.
Há mérito em nos posicionarmos, mas, não precisamos provar valia. Quem realmente se conhece sabe seu valor. Sendo o melhor juiz a própria consciência. Tente não ligar tanto sobre o que “dizem” sobre você. Dê sempre o seu melhor e bola pra frente, plante e espere a colheita no Tempo do Divino.
Então, vamos caminhando nesta balança: Eu versus o Outro - os dois âmbitos são fundamentais. Encontramo-nos ampliando nossas compreensões. Tomando posse de autoamor, autocompaixão, autoacolhimento e autorrespeito. Adquirindo compaixão, amor e respeito à vida humana. Aprendendo a ter empatia e acolher a dor das pessoas. É preciso ter olhos de ver e coração de sentir. É necessário colocar nossa luz em movimento.
Com amor,
Sensei Aline Keny
Arte via internet
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